segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Livros com nomes grandes

Eu sei, você gosta
De livros com nomes grandes
Mas eu só escrevo
Curtinhos, nada elegantes

Não sei fazer "Todo mundo que vale a pena conhecer"
Não sei falar "Memórias póstumas de Brás Cubas"

Eu sei escrever tudo pequeno, duas palavras
Sei criar, com carinho, duas linhas

Eu economizo nas palavras
Pra te fazer sentir
Economizo no sorrir
Pra te fazer sonhar
Economizo no tocar
E espero, algum dia
Te fazer me amar

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Eu

Eu te quero
Eu te posso
Eu te gosto
Eu te solto
Eu te espero
Eu te volto
Eu te rio
Eu te digo
Eu te amo
Eu te ouço
Eu também

Então vem e não espera mais
Que de esperar já se tira a paz

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

A psicologia dos desenhos Disney


Uma das coisas que mais me fascina nos desenhos da Disney é sempre a mesma tecla: as mensagens por trás das histórias, o grande tema, a ideia e, principalmente, a psicologia da história.

Sim, a psicologia, porque analisar as animações da Disney não pode ser apenas de uma forma tão rasa como "a sereia que queria ser humana", "o leão que fugiu, voltou e vingou a morte do pai", "a nativa-americana que se apaixonou pelo colonizador europeu". Esses filmes têm muito mais profundidade do que se vê a primeira olhada.

A Pequena Sereia não discute apenas a teimosia e a paixão de uma adolescente, mas também a ruptura com o sistema patriarcal autoritário, representado aqui pelo Rei Tritão [o homem] e uma de suas filhas Ariel [a mulher], numa analogia de como o paternalismo dominante até então estava com os dias contados (inclusive esse é considerado o começo da revolução feminista nos desenhos Disney. Uma revolução bem leve, claro, mas era um começo em 1989).

O Rei Leão discute, além da vingança pela morte do pai, temas como o abandono da imaturidade juvenil através do momento em que se assume responsabilidades. Simba volta para sua terra quando ele descobre que ela está morrendo devido a uma má administração de seu tio Scar. O filme, se bem analisado, ainda fala de problemas como a corrupção advinda do poder absoluto.

Pocahontas, um grande filme feminista (perdendo por muito pouco para Mulan, esse sim o ápice feminista da Disney na década de 1990), mostra algo que se mostrava cada vez mais recorrente nas animações Disney: a mulher que escolhe seu destino, ao contrário de ser empurrada para ele. Ariel fugia das ordens de seu pai, Bela não se conformava com a vida pacata de sua aldeia, Pocahontas não queria se casar com Kokuan, Mulan queria lutar pelo seu país (casar também estava longe de seus planos).

Podemos ver aqui uma progressão do feminismo ao longo de 10 anos de filmes Disney. Da rebeldia da sereia, em 1989 (A Pequena Sereia), passando pela busca pelo conhecimento e por algo maior em 1991 (A Bela e a Fera), a inconformidade com ter de se casar por obrigação em 1995 (Pocahontas) e, novamente, a inconformidade com a posição social estabelecida para a mulher em 1998 (Mulan). Toda essa nova leva de princesas Disney questionava o estigma da norma social para a mulher, pregado até então (inclusive nos antigos desenhos Disney ao longo do século XX).

Isso era apenas um retrato da sociedade que se firmava. Os filmes hollywoodianos dos anos 90 também eram feministas. Pegue qualquer história básica do cinema nos anos 90 e lá estará a mulher trabalhadora, dona de si própria que até se apaixona, claro, mas que o foco de sua vida não é o casamento apenas. Ela não quer ser dona de casa, ela quer se dona de si.

Até mesmo nos filmes Disney onde o centro não era uma Princesa, mas sim um Príncipe (nos desenhos voltados para o rapaz), vemos um papel mais ativo da mulher, como em Hércules (onde temos Meg, uma personagem feminina forte e que é, a princípio, um artifício para tapear Hércules [a ideia da mulher-objeto], mas quando se apaixona pelo semi-deus, ela se rebela contra seu mestre [a inconformidade da mulher vista como um objeto]), ou em O Corcunda de Notre Dame, com a cigana Esmeralda que protege e se preocupa com Quasimodo, que não é nenhum príncipe encantado.

Os anos 2000/10 elevaram ainda mais a ideologia feminista das Princesas Disney, com o não tão aclamado A Princesa e o Sapo, onde temos uma mulher (a primeira princesa negra da Disney) trabalhadora e que deseja, acima de tudo, crescer na vida. Ter um príncipe em sua vida é o último de seus sonhos. Logo em seguida foi a vez de Enrolados, onde uma Rapunzel sonha, acima de tudo, com a liberdade e não com o casamento.

Por fim, temos o que é, ao meu ver, a animação mais feminista de todas no espectro Disney: Frozen. Um filme onde o foco é, essencialmente, em duas irmãs. Duas visões distintas sobre a mulher: uma que almeja se casar (a visão antiquada da Disney) e uma que sabe que o amor não é tão simples assim. O filme não deixa tão raso a ideia do porquê Anna querer tanto se casar, mas podemos perceber uma necessidade quase compulsiva nela e, inclusive, carência, justamente por ter sido prisioneira dentro de seu palácio por toda sua vida, sem nenhum afeto vindo da única parte viva de sua família: sua irmã Elsa. Já a frieza e incredulidade de sua irmã se dá por um medo plantado nela pelos pais.

Eu precisaria de uma postagem inteira somente para analisar a psicologia tão profunda de Frozen.

O filme ainda discorre muitos temas como o amor-cego, o grande problema das paixões repentinas adolescentes, o desenvolvimento do amor como um sentimento demorado e complexo, e não algo simples como Hollywood gostava de mostrar, mas, principalmente, o maior tema de todos: o verdadeiro e mais importante amor é o fraternal. O que salva Anna não é o beijo do príncipe encantado, mas o amor de sua irmã.

A evolução de ideologias na mídia é um processo que acompanha a sociedade. A psicologia Disney não é algo aleatório e solto. Todos os filmes são muito bem pensados, com narrativas muito bem planejadas e cheia de particularidades relevadas pelo olho do espectador comum.

Fica aqui um convite a você, leitor, para rever seus filmes Disney preferidos e tentar analisar a profundidade que essas animações querem nos passar.

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Mulher dá vida

Mulher dá vida
E ainda há quem duvida
Há quem pareça não lembrar

Mulher dá, vida
Só por dar não a torna
Mulher da vida

Mulher, vida
E ainda há quem ouse questionar
Pensando que mulher é menor
Seja por isso, aquilo, acola

Mulher é o mesmo que eu
E se eu posso me mandar
Quem vocês pensam que são
Pra não deixar a mulher falar?

Lembrem-se: mulher dá vida
Se não fosse por mulher, vida
Nem aqui falando isso
Você estaria

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Naturalmente

À luz das estrelas, a luz da cidade
Que brilham perpétuas
Tão belas, ambas elas
Que pena perder a primeira
Na evolução inconsciente
Da segunda
Anula-se a luz, o verde e o outro
Na cidade de pedra
Sobrevive o que está morto

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Deturpado

Se defendo igualdade
E preciso ser explicado
Você não tem empatia
Só vê maldade

Se pra você
Igualdade é privilégio
De esperto e safado
Sinto, meu caro
Mas seu coração já tá
Deturpado

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Esquecer

Todos os dias estão sendo
Alguns simples, outros menos
Nenhum fácil, eu confesso

A vida continua sendo
Dias claros, outros densos
Nenhum rápido, que tormento

O coração vai batendo
Ainda triste, não entendo
Só sua falta, sentimento

terça-feira, 25 de agosto de 2015

Sentimento

Eu sinto sua falta diariamente
Você ainda está preso
Na minha mente
Como uma memória
Persistente
Que se prende ao sentir
E não ao pensar

Eu só quero que você saiba
Que vou sempre pensar em você
Estou marcado, não é fácil
Você conseguiu um fato raro

Me abraça se quiser
Me chama quando der
Eu só quero seu sorrir
Você, tão lindo e ainda me faz
Sentir

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Soneto preso

Ainda que apático
Sou nostálgico
Por você

Ainda que tristonho
Eu sorrio
Pensando em você

Pense em mim
Nos momentos do seu dia
Liga e fala que ainda quer
Porque eu quero

Te abraçar e te sentir
Do meu lado
Como se nunca tivesse
Que sentir você
Sem ser de perto

terça-feira, 18 de agosto de 2015

Canção da falta

Quanto mais o tempo passa
Mais se voa a dor
Já vai longe, embora
Já passou mais hora
Já não choro agora
O fim do amor

Mas ainda resta
Ainda me sobra
A memória boa que na mente adora
Se banquetear
Do saudismo da falta
De sem você estar

Volte um dia, um momento só
Que eu te abraço, depois espaço
Volto ao meu eu-só

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Desamor

Quando me soltou a mão?
Eu não percebi o momento
Me cabe o contento
Do meu desamar

Ai, que dor é a partida
Como dói o coração partido
Que dor o último sorriso
Do adeus eterno

Nesses versos destoantes
Não quero mais rimar
Me esforço e sigo em frente
Um coração que eu possa amar

terça-feira, 11 de agosto de 2015

DesSoneto

Oh Lua, por que me trai?
Por que afasta sua face
Pra longe de mim?

Oh Sol, por que me foge?
Por que torna meus dias
Em madrugada sem fim?

Onde me escondo a alma
Que já morre sem tais luzes
Que carregam as pesadas cruzes
Das lágrimas que formam o mar?

A meu eterno doce ser
Só basta a mim saber
Que de coração eu morro diariamente
Quando nem mesmo os Elementos me têm contente

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Soneto amargo

O amargo sabor da tristeza
Não compensa na doçura de nada
O sabor se sobe do coração partido
Morre na boca da alma despedaçada

Não existe mais no mundo pureza?
Não exista mais no mundo amor?
Minh'alma enfadada de tanta tristeza
Quer das pessoas um doce sabor

O mundo virou azedo
Da tristeza que paira
Arredia em desprezo

Não chora por alma
Cada segundo morre outra
Ergam os muros os trouxas

Que tristeza é o desamar

Shakespeare

Ao que me seria o ar
Ao que me basta comida
Se não em teus braços vivo eu?
Se não em meus braços adormeceu?

Qual fim me serve o sol
Qual luz me dá a lua
Se sem ti me deito todo dia?
Se sem mim não tens alegria?

De que serve o relógio
Se meu coração
Não conta as horas?

De que serve o tempo
Se aos apaixonados
O tempo é esmola?

Não me contento com esperar
Te desejo do dormir ao despertar
Me queres tanto também em braços teus?
Pois te desejo do fundo do coração meu

sábado, 8 de agosto de 2015

Julieta

Na alma me passam dias
Das horas que não te vejo
Pois cada minuto encerra dias
E cada hora, anos de desespero

Mande, pois, a mim notícias
Dos momentos todos quero saber
Pois vivo longe de ti, amor
Mas dói cada minuto desse viver

Quando me rever
Guarda um pedaço meu
E deixa um teu comigo

Que eu o guardo comigo
Debaixo do coração meu
Até o dia em que te reencontrar

Saiba que me mata o minuto
Que cada dia das horas me passa
Viver longe de ti é um martírio
E nem mesmo a morte me basta

terça-feira, 4 de agosto de 2015

Foto Retrato

Olhe esse retrato
Repara o afeto
Que é dado
Olha

Disfarça o fato
Não deixa visível
Que você só olha
Só vive de ver
O retrato amado
De noite e de dia

Quem diria
Que estaria assim
Por ele, da foto
Tão afim?

Tão belo
Tão lindo
Tão longe
Mas sinto
Tão perto
De mim
Quando olho
A foto

Valsa unido

E foi assim que você
Me tirou para dançar

Fez meu corpo levantar
Esticou seus braços nos meus
Leu meus olhos
Incendiou o ser
Pegou na minha mão
Percebeu o meu querer
Entendeu meu coração

Já não preciso me perguntar
Tudo o que pensei lá atrás
Pois me fez saber
Que do que eu esperava
Você pode me dar muito mais

domingo, 2 de agosto de 2015

Advérbios

Francamente não digo
Rapidamente não quero
Antigamente era proibido
Notadamente te espero
Certamente tu veio
Ora, agora posso te falar

Que lindo és verdadeiramente
Acaso não vejas
Seguramente, não minto
Não se engana o que sinto

quarta-feira, 29 de julho de 2015

Se

Queria só poder falar
Gritar ao mundo
Fazer real, acreditar
De sonho tornar
Em algo que eu possa tocar

O que mais queria
Eu tudo faria
Pra te fazer confiar
Quanto eu não daria
Se eu pudesse te fazer me amar?

terça-feira, 28 de julho de 2015

Doce

Sutilmente doce
Descem o rio
O abraço que aquece
O casal que adormece
Um nos braços do outro
Tão belo e tão pouco
Mas para os dois
É tudo que desejariam
Em todo o mundo
Em qualquer Universo
Em toda a realidade
Em qualquer verdade

segunda-feira, 27 de julho de 2015

Presente

De tanto pedir o Universo cansou de mim
Tome aqui, rapaz chato, ele me falou
Tome e não perturbe o Espaço

Endireitou os dados pra sorte mudar
Espero que fique satisfeito, ele disse
Depois disso aí não tem desfeito

Mas é só uma em 57 mil, ele advertiu
Então aproveite
Tem gente que não ganha a vida toda
Para que você possa ter recebido
Esse presente

Dieta

A gente passa fome
Não desiste
Morre o tempo
Entre um prato e outro
A gente não conta hora
Minutos se tornam eras
Aquele pacote de biscoito
Aquele, que tava na prateleira?
Já era

domingo, 26 de julho de 2015

Rápido

Tudo tão rápido
Tão ontem
Tô atrasado
Me pego divagando
E com isso perco tempo
Não posso
Pois o mundo é tão rápido
Que só nesse meio-tempo
Já estou retardatário

sábado, 25 de julho de 2015

Linhas tortas

Cada linha torta escrita
Que achas vazia, besteira
Afirmo, confirmo, repasso
São perfeitas como um abraço
Dado assim, meio de lado
Timidamente
Me abrem as janelas do ser
Estico meus braços pra te envolver
Pra pegar em cada pedaço seu
Uma linha torta que você escreveu

Confusão

É tão tranquilo
Parece tão certo
Mas tanto
Que eu espero que não se acabe
Pois a confusão do mar
Que se destrói diariamente na praia
Seria pequena
Pro tamanho da confusão
De não poder te amar

quinta-feira, 23 de julho de 2015

Verbo

Do meu abrir
Ao meu fechar
Do meu pensar
Ao meu sentir
Do meu sorrir
Ao meu penar
Não tem verbo
Mais comum pra mim
Do que o verbo "amar"

terça-feira, 21 de julho de 2015

Desejograma

Fala como se fosse verdade
Espera na minha porta
Leva meu ser além
Ingressa na minha rotina
Perdida rotina do meu ser
Pede para ficar
E preenche pra sempre meu viver

No coração

Não vou escrever para lembrar
A memória se pensa eterna
Vou anotar para celebrar

O que se esquece
Nunca foi lembrado, na verdade
E o que perdura
É a verdade do que foi guardado

Não vou escrever para lembrar
Pois é impossível de esquecer
A lembrança ocorre na mente
E é no coração que me ocorre você

domingo, 19 de julho de 2015

Será?

Incerto não quero
Espero
De certo
Externo?
Não posso
Mais perto
Desejo
Interno
Exponho
De perto
Te espero
Será

Só um sonho?

sábado, 27 de junho de 2015

Vitória

Nos braços de Vênus
Zéfiro espalhou do norte a vitória alada
Correndo pelo ar
Nos pés, o poder de Mércurio ajudar

Uma vitória de Vênus
Um poder de grandeza sem igual
Tendo ditado a regra
O amor agora será a medida original

Corre, espalha, avisa a notícia
Da vitória de Vênus sobre o deus da guerra
Avisa que Marte perdeu mais um dia
E que é bom o Olimpo preparar a festa

quinta-feira, 25 de junho de 2015

Eco

No silêncio do meu coração e da alma
Só me sobra um eco
                     um eco
                     um eco

Da minha mente não sai nada
Que me soe sincero
E eu espero, de verdade
Que teu vento me acalme

No silêncio da minha mão e da alma
Não me traça quase nada
Não me sobra vontade
Não me cria ideia

E só persiste, eterno
Na minha mente, coração e alma
Um eco
       Um eco
              Um eco


quinta-feira, 11 de junho de 2015

Meu passo de coragem, ou: como virei escritor

Há 2 meses atrás, tomei o passo mais corajoso que já decidi na minha vida: eu larguei um emprego estável para me arriscar na minha real paixão, a escrita.
Mas calma, essa história é mais profunda do que isso.
Desde que me lembro por gente eu gosto de contar histórias fantasiosas (entenda: não eram mentiras, ok?). Adorava inventar que minha casa era um hotel, e quando minha mãe chegava do trabalho, eu era o seu guia para uma noite de entretenimento (algo que eu e minha irmã havíamos preparado o dia inteiro: uma coreografia, uma peça, algo divertido). Adorava sair em uma aventura contra dragões e bruxos com minha irmã, no quintal de minha casa. Eu tinha certeza que o super mercado era um calabouço e o tesouro estava escondido em alguma prateleira. A cidade toda era um gigantesco livro de histórias que acontecia somente na minha cabeça e na cabeça de quem quisesse compartilhar aquilo comigo.
Os anos se passaram e eu resolvi começar a contar minhas histórias em papel, já que aos 12, meus horários pouco batiam com os de meus ouvintes. O papel era um lugar eternizado para quem quisesse ler depois.
Eu ainda não tinha noção do que eu estava fazendo, eu não me chamava escritor. Eu contava histórias para quem estivesse disposto a lê-las e só.
E, coitada da minha mãe, era minha eterna cobaia.
Ela deve ter lido todos meus originais até os 16/17 anos, corrigindo português, concordância, contexto. Minha mãe foi minha primeira editora e eu tenho pena de tanta coisa ruim que ela teve que ler.
Mas foi graças aos empurrões que ela e meus professores de literatura, redação e português davam que eu descobri meu talento para a 6ª arte: a palavra escrita. Literatura, para quem quiser chamar assim. Mas pra mim, a palavra escrita vai muito além disso (assunto para outro post).
Com 14, comecei meu primeiro livro com a real noção do que estava fazendo. O livro que se tornaria meu xodó, que já mudou de nome mais vezes do que já troquei de faculdade. Já foi DF - Detetives do Futuro, já foi apenas Detetives do Futuro, já foi uma trilogia com temática de desfunções sociais e mentais, já foi uma trilogia com nomes alternativos, já foi tudo e, hoje (ainda não lançado), é uma trilogia com nomes do mundo das cartas: A Carta Coringa, A Dama de Espadas e O Ás na Manga.
Quando vou lançá-lo? Não faço ideia. A jornada de Nero e seus amigos não me deixa terminar de contá-la para mim mesmo, que dirá para os outros.
Com a idade, tive que decidir por uma profissão (veja bem, escritor para mim ainda não era profissão. No máximo um hobby). E foi assim que quiquei em tantas faculdades que perdi a conta (foram 6, mas ninguém precisa saber disso).
Na minha sexta faculdade, entrei num trabalho que me exauria. Eu parei de escrever. Por 2 anos, todos os personagens que nasceram em minha mente durante toda a minha vida tiveram suas histórias estagnadas, assim como a minha.
Eu estava entrando num profundo estado de desesperança. Eu tinha certeza que meu futuro ia ser aquilo e eu só tinha que me resignar. Sonho era coisa de criança.
Mas alguma luz desceu em mim, acho que nunca vou saber explicar como realmente aconteceu, mas eu tomei uma atitude: 1º de Abril seria o dia que eu renasceria. Engraçado ser justamente no Dia da Mentira e exatamente dois anos após começar meu trabalho infeliz. Eu estava vivendo uma mentira por dois anos, me enganando por dois anos. Aquilo simbolizava um recomeço para mim.
Foi aí que, depois de um aviso prévio de um mês, me despedi de minha chefe, de meus colegas de trabalho, da minha antiga vida e saltei sem paraquedas no vazio. Se ia dar certo? Eu não fazia ideia, mas eu acreditava! Eu tinha um sonho e eu resolvi acreditar nele.
Meu sonho de escrever profissionalmente precisava ser realizado, porque eu sabia, mesmo que instintivamente, que aquilo era o meu propósito de vida.
Devo essa decisão a três pessoas. Duas já não vão poder ouvir meus agradecimentos, mas uma ainda pode. São eles: Walt Disney, J. K. Rowling e Enrique Coimbra.
Walt Disney por sempre me fazer acreditar que o sonho e o desejo são as coisas mais importantes da vida, e que nós nunca podemos deixá-los para trás. Eles devem pautar nossa vida, sempre!
J. K. Rowling pela sua encantadora e corajosa história de vida. Mesmo contra todas as adversidades, ela não abriu mão de Harry, da história que ela SABIA que precisava contar ao mundo. E conseguiu. Harry Potter é o segundo livro mais vendido do mundo, atrás somente da Bíblia.
Enrique Coimbra, escritor brasileiro, blogueiro e vlogueiro, que me ensinou, mesmo sem saber disso, a me valorizar muito como ser humano, apesar de qualquer coisa e, principalmente, de que é possível ser escritor no Brasil, um país que tem a fama de não gostar de ler.
Obrigado aos meus três mestres e obrigado a você que me lê. O escritor é um contador de histórias, mas histórias só existem em dois momentos: enquanto eu as conto e enquanto alguém decide ouvi-las.
Sem você, sem alguém para me ler, minha história morreria para sempre comigo.
Muito obrigado por permitir dividir com vocês o meu mundo.

segunda-feira, 8 de junho de 2015

Por que Vênus?

Muita gente me indaga por que metade dos meus poemas falam sobre o panteão greco-romano de um modo mais "elevado".
Não sou pagão, politeísta, não me importo de seguir uma religião morta (eles já foram deuses, claro, mas nem mesmo os gregos/romanos os viam como deuses no sentido stricto sensu da palavra. Mas isso é assunto pra outro post).
É muito simples, na verdade. Não tem a ver com paganismo, politeísmo ou qualquer outra coisa. É simplesmente porque o panteão greco-romano simboliza esteriótipos consagrados na sociedade ocidental, o que facilita e muito o modo como preciso que meus leitores interpretem meus poemas.
Apolo, por exemplo, deus do Sol, das artes e da beleza, sintetiza a ideia, propriamente, da beleza, da inteligência para as artes, da iluminação. É até bem simples quando pensamos.
E então, minha amada Vênus. Tanto ela quanto sua versão grega (Afrodite), são as divindades representantes do afeto, até certo ponto, do amor também (Eros e Anteros também são encarregados disso), e, assim como Apolo, parte também do arquétipo da beleza.
E é exatamente o arquétipo de beleza e amor que me encanta em Vênus/Afrodite. É esse arquétipo que eu busco na minha poesia. Essa ideia, já encrustada na sociedade, do arquétipo greco-romano do amor.
E aí, podemos evolui-lo para a visão romantica do amor, lá do século XIX. Mas isso daí já é outro assunto e outro post =)

Minha adorada Vênus


sábado, 6 de junho de 2015

Tomorrowland - Um Lugar Onde Nada é Impossível

Filme da Disney, pra mim, é sempre diversão garantida. É sentar por 90/120 minutos, rir, se emocionar, ter esperança e, principalmente, refletir e aprender.
Não existe um filme Disney que não passe uma lição de moral importante ou seja um banho de esperança e otimismo para uma sociedade resignada e pessimista: o mocinho ganha no final, a princesa encontra seu príncipe, feras aprendem a se deixar serem amadas, piratas vêem o lado bom de ser bom.
E Tomorrowland é exatamente isso: uma imensa, colorida, divertida e emocionante propaganda de otimismo.
A narrativa segue a heroína Casey Newton, otimista nata, filha de um engenheiro da NASA, irmã mais velha e contestadora por natureza que, após se apossar de um pin, se vê transportada para uma realidade paralela, um mundo futurista, com ruas limpas, cidadãos educados e, aparentemente, tudo grátis.
Numa visão rasa, o filme parece apenas diversão-família numa Sessão da Tarde, mas visto com vontade e gosto, o filme é uma aula.
Durante as 2 horas de filme, a(boa) teimosia e sua curiosidade de Casey, misturada a um idealismo pouco visto nas pessoas de hoje, nos faz questionar a nós mesmos, com temáticas do tipo "aceitamos o futuro que nos é dado por que vemos ele como destino inevitável?" e outras perguntas que seriam apropriadas numa aula de filosofia.
A eterna lição humana de "as crianças são o futuro" e "temos o bem e o mal dentro de nós, vence quem a gente deixa vencer" é discutida ao longo do filme ad infinito. E isso é bom, pois parece que estamos esquecendo disso ao passar dos anos.
Na parte técnica, o filme não peca muito. Os efeitos estão ótimos, as atuação, impressionantes (inclusive para o grande elenco de crianças do filme), e o roteiro prende. O único pecado é o mal desenvolvimento do personagem de Hugh Laurie, que não chega a ser nem o vilão, nem um herói. Ele fica naquela margem mediana que a sociedade num geral está. Ele é o contra-ponto perfeito para o personagem de George Clooney, que também é o passado e o presente, cheio de otimismo, mas que perdeu as esperanças.
O outro contra-ponto de Clooney é a pouco-conhecida Britt Robertson, na personagem de Casey Newton, que já trabalhou em Pânico 4 e no seriado Under the Dome. Ela representa o presente e o futuro, a sociedade otimista e persistente que devemos construir, os jovens que, hoje, serão os construtores do amanhã.
E, pra fechar, uma frase que aparece no primeiro ato do filme, do grande e genial Albert Einstein, usada como mantra pela Disney e seus afiliados e que, certamente, engloba todo o espírito do filme: "Imaginação é mais importante do que conhecimento".
Não deixem de imaginar, não deixem de sonhar, não deixem de fazer.

Nota: 8,5/10

segunda-feira, 1 de junho de 2015

Judite

Judite
Aquela garota
Que fingia não saber de nada
Pra se passar por tola
E amada

Judite
Menina de mente má
Fingia coração aberto
Para no dos outros
Entrar

Judite
Colhia solidão
Depois de plantar tanta intriga
Coitada de Judite, rapaz
Ela foi seu próprio capataz

Onda

Explode minh'onda de entusiasmo
Na margem do mar da vida
Nadou o mar inteiro
Pra morrer na areia, arredia
Segura os pontos dela
Mas não deixa a onda vazar
Segura e sente a energia
E volta a criar

Outra onda
Outro texto
Outra frase
Mais um erro

sábado, 30 de maio de 2015

Motivo

Não é a fama Nem sucesso Nem a grana É a gana, a vontade Querer dizer bondades Passar a mensagem E amor de verdade

sexta-feira, 29 de maio de 2015

Tribunal

De que crime sou réu
Por tu não saberes levar?
De que culpa sou julgado
Se és tu que não sabes preservar?

De que castigo sou punido
Se tu não conseguiste me conquistar?
De que sentença serei culpado
Quando és tu que me julgas sem pensar?

domingo, 24 de maio de 2015

Pedir aos céus

Vou pedir a Aurora
Que mande Noto soprar
Que suba seu ser aos céus
E caia bem devagar

Vou pedir a Vênus
Que te orne a fronte em flores
Que querubins te tragam
Em voo calmo e doce

Vou pedir a Hipnos
Que não me deixe dormir
Quando você aqui estiver
Quero com você existir

Quando você se for
Vou pedir a Bóreas soprar
Que te leve com amor
E que me volte num piscar

sábado, 23 de maio de 2015

Xacróstico

Mais que tua bela timidez é
Alguma magia sobrenatural
Cada pedaço do seu sorriso
Hoje, digo, é surreal
Acho até que é feitiço
Desses que prendem o ser
Ou será que a magia
Vive apenas no meu te ter

sexta-feira, 22 de maio de 2015

Final feliz

Eu não soube entender
Eu não soube te falar
Eu não soube aceitar
Que era pra mim

Eu não soube te ter
Eu não soube te amar
Eu não soube querer
Um final feliz

quinta-feira, 21 de maio de 2015

Medo

Medo é como uma faca
Se ele te corta uma vez
Você está machucado
Sua carne fica fraca

Medo é gelado e quente
É passado e persistente
Se consome uma vez
Consome outra de repente

Medo não se vai eterno
Medo se posta externo
Pra sempre ao lado
Esperando a hora, calado

Medo só tem amigos
Que não cansa de atormentar
Que vivem a fugir dele
Que esperam nunca mais
Precisarem se importar

quarta-feira, 20 de maio de 2015

Sobre o que falam

Sobre o que falam
Os que falam sobre tudo?
Sobre o que falam
Os que silenciam a fala?
Sobre o que falam
Os que calam os outros?
Sobre o que falam
Os que afirmam em neutro?
Sobre o que falam
Os que tem voz vassala?
Sobre o que falam
Quem não sabe falar sobre nada?

terça-feira, 19 de maio de 2015

Arte

Arte é cor e sensação
Audição e movimento
Experimento e erro
Tenro pedaço de alma
Que se abre em segredo
E se lê em completo
Desespero

segunda-feira, 18 de maio de 2015

Mais amor por favor

Pra que tanto ódio
Tanta discriminação?
Pra que tanta raiva
Nas conversas de portão?
Por que tanta gritaria?
A gente nem ouve mais
O grito da violência
Já virou visão de paz
Abre espaço pro amor
Não pesa nada, deixa entrar
Eu só quero pedir
Nesse momento de dor
Eu só quero pedir
Mais amor
Por favor

Pedido

Fiscaliza sua cria
Fiscaliza seu ser
Ele branda o ódio
Que você mandou esconder
Me deu mais vontade
Do que o direito de escolher
Pra que, eu pergunto,
Se eu tinha que obedecer?
Tem gente demais mandando
Tem gente demais obedecendo
Tem gente demais falando
Tem gente demais fazendo
Controla quem acha que é rainha
Ela acha que sua boca é lei
Mas a boca que mal falaria
Não vê o coração imoral
Que dentro de si batia