quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Carta

Onde foi parar toda a coragem?
Eu só não quero alongar
O que não dá pra esperar

É tanto pra deixar pra lá
Mas eu não posso evitar
A vontade que me dá
Quando eu penso em largar

Tem tanto a ficar
Tem tanto a acontecer
Tanta coisa nova
Mas ninguém vê

Que eu só não quero alongar
O que não da pra esperar

Incerto

Balanço de onda
Sacode a ponta
Do barco e treme
A vela do meu ser

Vida tao volúvel
Verdades voláteis
Certeza incerta
Balanço em queda

Antes sim
Sempre não
Muito sim
Nunca não

Indecisão do que é
Incerteza do ser
Balanca, balança
O barco do viver

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Até os Reis caem

Toda batalha tem um fim
Toda guerra um final
Acaba sem porvir
Mas ergue a cabeça
                        Afinal

Até os Reis caem
Mas não perdem a majestade
Pois muito mais erguida deve estar
A cabeça que a coroa estava a segurar

Não se abata, saiba
Que quem é rei, sempre será
Rei não perde o nome
Rei só passa em frente
O que é e sempre irá herdar

sábado, 27 de setembro de 2014

Indagação

Quem sou eu?
Até onde eu vou?
Quão forte eu sou?
Sou mesmo eu?

Talvez eu nunca consiga
Responder a nada disso
A gente se vê no espelho
De quem a gente vê existindo

O maior desespero, talvez
Seja nunca saber, por tal
Se o que eu sou me faz feliz
Ou se me engano em felicidade fatal

Mas esse espaço que me tem
Que me segura e me contém
Como faço pra reverter?
A dor do ser?

Será possível algum dia saber
Completar com algo ou alguém
Ou já faço errado por si
Tentando preencher com um "quem"?

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Som da madrugada

Os sons do infinito da madrugada
Se os ouvirdes
Faça-se saber

São os sons dos meus suspiros
Do coração frouxo
Que bate por você

Aperta com chave de saudade
Conserta e passa óleo
No ranger do coração
Da madrugada solidão

Se ainda assim ouvirdes mais sons
Vem e me abraça num aperto
Pois é de desapego
Que chora meu coração

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Uma loucura

Que loucura da vida
Se permitir descobrir
Uma vida inteira
Que não sabia existir
É loucura, como chamam
Pois ninguém vai pensar
Quais aventuras se escondem
Nos pequenos momentos da vida
Porque sã mesmo deve ser
A rotina incessante e massante
Desse dia-a-dia que dizem ser
Da vida o real motivo
Devo ser louco varrido
Então

terça-feira, 5 de agosto de 2014

Criatividade liberta

Já disse meu amigo
Prender criativo
Em processo repetitivo
É pedir a Hendrix ser
Guitarra base

A criatividade não pode
Ser enjaulada
Merece asas
Ela tem que ter espaço
Pra morrer e reviver

A criatividade é fênix
Mitológica, real até ponto
Imaginativa até tanto
Recria-se, renasce
Repensa-se, refaz-se

Já disse meu amigo
Que libertou-se da gaiola
Bateu asas e foi-se
Agora segue o sonho
Da criatividade com alma

terça-feira, 29 de julho de 2014

Azul

Eu estava infeliz
Mas o céu estava tão azul
Que eu sorri

Me preocupar pra que?
Se eu não posso resolver?

Eu olhei as nuvens brancas
Era macio e tão perfeito
Não tinha jeito

Remediado está
Eu não vou me preocupar

Eu estava infeliz
Mas eu olhei o céu
Ele estava azul
Ele estava azul

segunda-feira, 21 de julho de 2014

Era eu sem você

E de pensar que eu te conhecia
E de pensar que toda a magia
Que eu pensava que sentia
Era fria, era mentira

E de achar que um dia já foi meu
E de achar que eu era seu
Que pra sempre nos braços teus
Encontraria o repouso, eu

Mas já se foi
E com você
Toda a doçura
Que eu achava conhecer

Mas nunca mais
Poderá ser
Porque nosso amor
Era eu sem você

domingo, 20 de julho de 2014

O chuveiro

O chuveiro te faz estrela
O chuveiro te derruba do céu
Te faz rever toda a tristeza
O chuveiro te vê a verdade

O chuveiro é mais profundo
Que o olhar no espelho
Mais real que ele também
Mais sincero que ele não tem

O chuveiro te encanta
O chuveiro te conquista
O chuveiro é psicólogo
Personal, melhor amigo
Coreógrafo e palco da mídia

O chuveiro deveria ganhar status
"Principal utensílio do lar"
Ele nos limpa de tudo
Não só por fora
Mas por dentro igualmente

Pois pro chuveiro, não há diferente
Ele sabe sua verdade, ele tudo vê
De cima de você
E não só por isso ele julga
Ele guarda

Sua verdade está mais segura
Suas fraquezas estão relidas
Seu eu está mais limpo
E depois vai tudo embora
Com o passar da toalha

Pelo menos até o dia seguinte
Quando o chuveiro te espera
Pra mais atuações e prêmios
Danças e cantos
Shows e lamentos

E, pro chuveiro
Mais um momento
De te ouvir e entender
Seus porquês
Seus sem-mais-nem-porquês
Seus muito-além-de-meu-ser
Seus somente-por-eu-ser

quarta-feira, 16 de julho de 2014

A função da poesia

Ser esse sendo não-sendo
Essa divisa de caminho
Entre o meio e o nada
Sendo essa verdade apagada

Ser essa verdade reescrita
Ser o meio do nada
E também o começo da vida
E ser essa estrada

Que tem o começo e o final
Ao lado do meio, intercalados
Ser ambíguo, ser oblíquo
Ser extremamente impregnada

De verdades, de vontades
De interpretações
E para livrar o mundo
Da ideia estagnada

domingo, 13 de julho de 2014

Início, meio e fim

Estranhos viram
Amigos viram
Amantes viram
Estranhos viram
Nada mais
E viram
Para o lado
E voltam
Para a vida
Própria
De cada

quinta-feira, 19 de junho de 2014

Reflexo

Você
Que não sou eu
Que é igual
A mim
E mais
Espelho
É mais
De mim
Que igual
Que sou assim a
Você

sábado, 14 de junho de 2014

Sempre

A vida tem suas dúvidas
Suas incertezas
Da frieza e da verdade
Que não se foge a longo prazo
Que não se come no fiado

Que toda alegria um dia finda
Que toda beleza é só ideia
Que toda tristeza não é eterna
Que toda história é daqui pra frente
Sempre

Na vida, muitas certezas
Mas nem todas são verdades
Em túneis repletos de vaidade
A gente tem muito a aprender
A gente tem tanto a perder

A gente não sabe de quase nada
A gente aprende a cada etapa
A gente cresce sem saber porquê
E a gente morre sem perceber

Mas lembro disso
Sempre lembrarei
Daqueles versos
Reais e belos

Que toda alegria um dia finda
Que toda beleza é só ideia
Que toda tristeza não é eterna
Que toda história é daqui pra frente
Daqui pra frente
Sempre

quinta-feira, 5 de junho de 2014

O Diabo Veste Prada como alegoria e metáfora

Desde que fui efetivado, consigo perceber cada vez mais uma extrema semelhança com a analogia do Diabo Veste Prada. Eu digo analogia pois, pra mim, por mais real que aquela história seja (sim, é baseado em fatos reais MESMO), ainda assim é uma ótima analogia do "Primeiro Emprego".

O fim da vida fácil, o início da realidade e a quebra do sonho construído durante toda a infância e adolescência estão muito próximo ao que Andy passa nas páginas e no filme de imenso sucesso. A vida adulta (e o temido Primeiro Emprego) realmente são assim, sendo na Vogue ou em qualquer outro lugar: ninguém vai se importar com você o suficiente ou apenas se você puder fazer algo pra eles; seu chefe (ou alguém imediatamente superior a você) pode ser muito querido por todos, mas vai odiar você, talvez, e muitas vezes sem razão; a hora de almoço não é tão mágica quanto parece; o sonho dourado era uma falácia; a inabilidade de coordenar sua agenda, seu salário, que dirá uma saída com seus amigos, que você provavelmente não vê há séculos (pelo menos não todos juntos).

O Diabo Veste Prada não é um livro sobre as agruras do mundo da moda. Pode até parecer, numa análise rasa. Não, não. O livro e o filme tratam sobre algo tão real e palpável para todos, longe dos holofotes: o Primeiro Emprego.

A única coisa que soa na minha cabeça é a icônica frase do parceiro de escritório de Andy, Nigel, quando ela reclama da situação desesperadora em que se encontra sua vida pessoal: "Isso é o que acontece quando você começa a ir bem no trabalho. Me avisa quando sua vida inteira virar cinzas: significa que está na hora de uma promoção"

sábado, 24 de maio de 2014

Dois tímidos

Por mais que da minha boca
Não saia som
Vou deixar registrada
Essa canção
Pra te lembrar e saber
Que eu te falo
Por versos e palavras
O que meu coração
Tá transbordado

Por mais que nada ouça
Saiba
Que a gente conversa
Por música
E você já suspeitava
Que isso era verdade
Não era?
Confessa aqui pra mim
Vai ser ou já era?

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Atlas

Às vezes dá vontade de olhar pro Universo
Esperar uma resposta, um sinal
Uma decisão que não recaia sobre nós
Pois somos nada, a gente é mortal

Toda decisão pesa tanto
Pesa muito, parece um túmulo
Uma montanha, um mundo
Que a gente carrega, lutando

Atlas, coitado, decisão terrível
Nós, coitados também
Nada nos mantem
Sofremos nosso peso incrível

Queria só um jeito de tudo evitar
A dor, a decisão, a resposta faltar
Que nada se compare a essa minha dor
Por favor, eu só peço pra nunca mais
Voltar a sofrer isso, jamais

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Um poeta

Um poeta não precisa da paixão para criar
Ele vive a paixão constantemente em sua vida
Ele sabe as palavras pra poder aliviar
As dores da vivência do ser humano elementar

Um poeta cria a hora, não precisa duma musa
Uma musa pro poeta, é apenas um capricho
Um capricho e uma deusa, que causa rebuliço
Nas letras e palavras do poeta adorador

Um poeta tem o dom, o saber-não-sabe-d'onde
Vem de dentro, vem de fora, vem do vento
Nas palavras soltas no ar, que ouvira e guardara
O poeta, pra quem deseja, o seu mundo cria

Nunca pense de um poeta, que tudo tem sentido
Muito apenas se sente, muito apenas se vê
Muito apenas colori, nem tudo é como se lê
Nas frases de um poeta

sexta-feira, 9 de maio de 2014

Em tudo

Em toda cor que se pinta meu céu
Em todo tom que se azula meu mar
Em todo som que se ulula a música
Em toda forma e prazer de amar

Em todo ponto que fecha a frase
Em toda vírgula com seu contraste
Em toda aspas que cita renome
Em todo dois pontos que abre teu nome

Em todo trejeito que lembra você
Em todo contorno, sorriso e piscar
Em toda delícia da sua forma de pensar
Em toda destreza do seu balançar

Em toda timidez do seu sorriso pleno
Em toda postura de braços pra dentro
Em todo calor do abraço apertado
Em todo carinho roçado de lado

Em todo bater do meu coração
Em todo soprar do meu pulmão
Em todo piscar dos meus olhos profundos
Em cada momento, é meu nosso mundo

quinta-feira, 8 de maio de 2014

Oração

A constância que no coração dos leves mora
Que leve a mora do meu coração instável
Do coração que se torna afável pelo amar
Da leveza e do tamanho do não-pesar

Em cada uma das mais súbitas vontades
Em cada um dos mais puros prazeres
Em cada sombra do maior ardor
Que habite no meu ser o amor

quarta-feira, 7 de maio de 2014

Misteriograma

Diluído na essência
Estava o mais belo Ser
Cravado no meu peito
Esse nome efervesce
Me atina, atormenta
Berra aos meus ouvidos
Rio da verdade, em desejo
Instante de vontade, sem medo
Notável ardor que me dá
O seu magnífico olhar

Valsa

De passo passas
Pra mão de fulano
Esbarra o olhar
No fundo do oceano
De cicrano e de beltrano
E acaba por repousar
As doces mãos
Os lindos lábios
E o forte braço
No coração de
Ninguém

segunda-feira, 5 de maio de 2014

Meu Dezembro

Meu Dezembro, Dezembro ainda penso
                                                  em você
Que pena, que pena que não foi pra ser

Agora vai, sobre as ondas a fim
Espero algum dia ainda te ver
Mas sei que jamais seria
Pra sempre teu beijo desejaria

Passa Janeiro, ainda te espero
Vem Dezembro
De Dezembro a Dezembro ainda
                                 te quero

De volta à nascente que nascera
                                        sua vida
Que alegria
Tão bom poder pensar em rever
Meu Dezembro que ainda me arrepia

Ah, qual chance apenas espero ter
De você e eu, em novamente tocar
Seus braços, seu rosto, seu olhos
                                             sentir
E refletir

Que na verdade, todo o tempo que não fora
Todo o desejo que perdura
Não foi em vão, foi a mais pura
E completa verdade
Que meu coração ainda te espera
E eu ainda morro de saudades
                                            de você

segunda-feira, 14 de abril de 2014

A pior dor

A pior dor é a perda
Seja do que for
Seja por idas
Seja por findas
Seja, claramente, por
Não ser mais

Por tempo também dói
Todo intento
Que depositado foi
Desperdiçado foi
Reaver jamais

Quem me dera o poder
De reaver o tempo
Que perdido me foi
La atrás

Tantos momentos
Tantas lembranças
Não mais

E agora só basta
A dor sem máscara

E nada mais

sexta-feira, 28 de março de 2014

Se bastasse

Se bastasse coragem ao Mundo
Não padeceria do grande mal que é
O viver daqueles que não sabem
Amar

Se bastasse riqueza ao Mundo
Não conheceria o grande bem que é
O toque suave da pureza do
Não-ter

Se bastasse fama ao Mundo
Não saberia quão grande é
A importância do próximo
Ser

O Mundo não se basta nisso
Pois é preciso todo o resto
Que é o abraço bom da vivência
Do amar
Do saber
Do sentir
E do viver

É tudo que eu tenho

Não é muito
Mas é tudo que eu tenho
Não é justo
Nem é tudo perfeito

Oh, pra que isso tudo agora?
Eu só quero você aqui agora
Mas, por mais que eu pense e mais que eu tente
Só vejo isso na minha frente
E eu sei...

Que não é muito
Mas é tudo que eu tenho
Meu coração 
Entreguei de joelhos
E aos seus pés
Me pareci muito menos

Ah, me dói pensar
Que o seu amar
É tudo que eu tenho e nada mais
Por isso, assim mesmo
Veja, meu bem...

Que não é muito
Mas é tudo que eu tenho

quinta-feira, 27 de março de 2014

Não julgo o Homem de Lata

Não julgo o Homem de Lata
Por querer um coração
Afinal, querer saber e entender
As delícias do Amor
Só também existem
Com as dores da aflição

Não o julgo, novamente
Por querer vivenciar
Daquilo que tantos fogem.
Ele jamais poderia saber
Sem antes viver
O que é ficar sem ar

E sem ar por bem e por mal
Pois por mal o ar se falta
Quando também se falta o Amor
Mas por bem o ar se falta
Quando em Amor se falta a dor

quarta-feira, 26 de março de 2014

O Universo sabe

Quando a hora não é a Hora
Quando o tempo não é Agora
Não adianta lutar
                  enfrentar
                  tentar

O Universo faz por Amor e Saber
Ele sabe o melhor
Ele sabe o fazer

Enquanto nós só vemos Presente e Passado
O Universo já viu o completo do Tempo
E ele vê tudo e distribui
No seu devido Espaço

Conforme-se o traço
Aceita-se o passo
Aquieta-se o compasso
                         Do meu coração

terça-feira, 18 de março de 2014

Prefácio epitáfico

Não ta sendo fácil. E acho que não o será tão cedo. É o medo, o intento e a saudade. Ela é uma maldade Com todos que amam.

Já não me bastasse

Meu coração frágil.
Em alto voz não se pode dizer.
Querer que a saudade e o medo,
Mais e mais cedo
Reconstruam-se

Reformando-se em tudo
Tudo que não seja dor
Que não seja saudade
Só Que seja mais amor.