quinta-feira, 11 de junho de 2015

Meu passo de coragem, ou: como virei escritor

Há 2 meses atrás, tomei o passo mais corajoso que já decidi na minha vida: eu larguei um emprego estável para me arriscar na minha real paixão, a escrita.
Mas calma, essa história é mais profunda do que isso.
Desde que me lembro por gente eu gosto de contar histórias fantasiosas (entenda: não eram mentiras, ok?). Adorava inventar que minha casa era um hotel, e quando minha mãe chegava do trabalho, eu era o seu guia para uma noite de entretenimento (algo que eu e minha irmã havíamos preparado o dia inteiro: uma coreografia, uma peça, algo divertido). Adorava sair em uma aventura contra dragões e bruxos com minha irmã, no quintal de minha casa. Eu tinha certeza que o super mercado era um calabouço e o tesouro estava escondido em alguma prateleira. A cidade toda era um gigantesco livro de histórias que acontecia somente na minha cabeça e na cabeça de quem quisesse compartilhar aquilo comigo.
Os anos se passaram e eu resolvi começar a contar minhas histórias em papel, já que aos 12, meus horários pouco batiam com os de meus ouvintes. O papel era um lugar eternizado para quem quisesse ler depois.
Eu ainda não tinha noção do que eu estava fazendo, eu não me chamava escritor. Eu contava histórias para quem estivesse disposto a lê-las e só.
E, coitada da minha mãe, era minha eterna cobaia.
Ela deve ter lido todos meus originais até os 16/17 anos, corrigindo português, concordância, contexto. Minha mãe foi minha primeira editora e eu tenho pena de tanta coisa ruim que ela teve que ler.
Mas foi graças aos empurrões que ela e meus professores de literatura, redação e português davam que eu descobri meu talento para a 6ª arte: a palavra escrita. Literatura, para quem quiser chamar assim. Mas pra mim, a palavra escrita vai muito além disso (assunto para outro post).
Com 14, comecei meu primeiro livro com a real noção do que estava fazendo. O livro que se tornaria meu xodó, que já mudou de nome mais vezes do que já troquei de faculdade. Já foi DF - Detetives do Futuro, já foi apenas Detetives do Futuro, já foi uma trilogia com temática de desfunções sociais e mentais, já foi uma trilogia com nomes alternativos, já foi tudo e, hoje (ainda não lançado), é uma trilogia com nomes do mundo das cartas: A Carta Coringa, A Dama de Espadas e O Ás na Manga.
Quando vou lançá-lo? Não faço ideia. A jornada de Nero e seus amigos não me deixa terminar de contá-la para mim mesmo, que dirá para os outros.
Com a idade, tive que decidir por uma profissão (veja bem, escritor para mim ainda não era profissão. No máximo um hobby). E foi assim que quiquei em tantas faculdades que perdi a conta (foram 6, mas ninguém precisa saber disso).
Na minha sexta faculdade, entrei num trabalho que me exauria. Eu parei de escrever. Por 2 anos, todos os personagens que nasceram em minha mente durante toda a minha vida tiveram suas histórias estagnadas, assim como a minha.
Eu estava entrando num profundo estado de desesperança. Eu tinha certeza que meu futuro ia ser aquilo e eu só tinha que me resignar. Sonho era coisa de criança.
Mas alguma luz desceu em mim, acho que nunca vou saber explicar como realmente aconteceu, mas eu tomei uma atitude: 1º de Abril seria o dia que eu renasceria. Engraçado ser justamente no Dia da Mentira e exatamente dois anos após começar meu trabalho infeliz. Eu estava vivendo uma mentira por dois anos, me enganando por dois anos. Aquilo simbolizava um recomeço para mim.
Foi aí que, depois de um aviso prévio de um mês, me despedi de minha chefe, de meus colegas de trabalho, da minha antiga vida e saltei sem paraquedas no vazio. Se ia dar certo? Eu não fazia ideia, mas eu acreditava! Eu tinha um sonho e eu resolvi acreditar nele.
Meu sonho de escrever profissionalmente precisava ser realizado, porque eu sabia, mesmo que instintivamente, que aquilo era o meu propósito de vida.
Devo essa decisão a três pessoas. Duas já não vão poder ouvir meus agradecimentos, mas uma ainda pode. São eles: Walt Disney, J. K. Rowling e Enrique Coimbra.
Walt Disney por sempre me fazer acreditar que o sonho e o desejo são as coisas mais importantes da vida, e que nós nunca podemos deixá-los para trás. Eles devem pautar nossa vida, sempre!
J. K. Rowling pela sua encantadora e corajosa história de vida. Mesmo contra todas as adversidades, ela não abriu mão de Harry, da história que ela SABIA que precisava contar ao mundo. E conseguiu. Harry Potter é o segundo livro mais vendido do mundo, atrás somente da Bíblia.
Enrique Coimbra, escritor brasileiro, blogueiro e vlogueiro, que me ensinou, mesmo sem saber disso, a me valorizar muito como ser humano, apesar de qualquer coisa e, principalmente, de que é possível ser escritor no Brasil, um país que tem a fama de não gostar de ler.
Obrigado aos meus três mestres e obrigado a você que me lê. O escritor é um contador de histórias, mas histórias só existem em dois momentos: enquanto eu as conto e enquanto alguém decide ouvi-las.
Sem você, sem alguém para me ler, minha história morreria para sempre comigo.
Muito obrigado por permitir dividir com vocês o meu mundo.

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