segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Métrica

Todo espaço é muito
E todo passo é curto
Na distância de duas pessoas
Que se amam
                      demais

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Inestimável

Artista altruísta
Que cede sua Arte
Ao mundo, grátis
Por só saber

Que bom é pensar,
Refletir e ver
Que na verdade
A Arte é grátis
Mas o Saber
               Ah....
               O Saber não tem preço

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Semeador de letras

Um dia me perguntaram o que eu fazia da vida. Eu respondi: sou escritor!
Mas a pessoa ficou confusa. Ela nunca havia visto um livro meu publicado, uma história minha em algum lugar ou mesmo uma entrevista de rodapé de página em qualquer lugar.
"Você é escrito?", indagaram, naquela voz meio insegura que ao mesmo tempo faz uma pergunta e uma afirmação, escondida no submundo da descrença.
Eu ri e sacudi a cabeça, confirmando, já que não era de se espantar que a pessoa não entendesse realmente o porque de eu afirmar aquilo. Nem eu próprio entendia há muito pouco tempo atrás.
Eu realmente não tenho nada publicado, não tenho uma história minha em algum lugar e nem sequer dei uma entrevista de rodapé de página em qualquer veículo de informação. Mas eu sou um escritor.
Veja bem, uma profissão é algo que você cede seu tempo, seu conhecimento e suas habilidades em troca de dinheiro. Onde estava o dinheiro da minha escrita? Porque o tempo e as habilidades já estavam sendo empregadas, afinal.
O dinheiro não existia, pois eu fazia a minha arte por mim mesmo. Mal sabia eu que isso era só um pedaço do caminho que leva alguém a ser um Escritor, com E maiúsculo mesmo. Um escritor é o bicho mais inseguro do planeta, tanto que ele demora a se autodenominar tal.
É só quando a gente passa a perceber que não basta sermos nosso próprio público que abrimos as portas. Mas ainda há a insegurança. Muitos "saem do armário" com pseudônimo, comigo também foi mais ou menos assim (P O Sora, e não meu nome escancarado).
Mas ai a timidez e a insegurança morrem (ou são assassinadas) e você passa a mostrar e ver que você não precisa realmente da chancela de ninguém pra escrever, afinal, escrever é uma arte, e a arte não precisa de aprovação (apesar de haver interpretações de que a arte só está finalizada quando é interpretada pelo interlocutor, isso é pra pensar mais tarde).
Foi aí que eu percebi que eu realmente poderia começar a me considerar um Escritor, apesar de não ter nada em meu nome. Eu tinha esse blog, oras, mas eu ainda queria algo na estante. Eu queria meu nome na seção de literatura nacional das grandes livrarias. Veja bem, isso não é por ego nem nada, é pura questão de "trabalho terminado", como em qualquer profissão, afinal, não editar o livro é o mesmo que construir uma casa, mas deixar de colocar os tijolos em alguns lugares. A casa pode até permanecer de pé um tempo, mas ela vai cair e voltar a estaca zero em breve.
Bom, aí vieram as perguntas: "mas se você só quer seu nome publicado, por que você mesmo não imprime?". Eu rebatia com um singelo "você aceita pagar pra trabalhar?". A pessoa prontamente respondia com um "não" enérgico, claro, e assim eu assentia com a cabeça e um sorriso de canto de boca.
Escrever é um trabalho, não é mágica, não existe uma musa da inspiração (ou nove) pairando no ar. É árduo e trabalhoso como qualquer outro trabalho. Eu não aceito pagar para trabalhar.
E foi assim que eu comecei minha busca por editoras, para finalmente ter meu nome publicado com minha história que eu sempre quis contar ao mundo. E eu nunca desisti, porque eu acho que o mundo precisa saber dessa história. Não é a toa que ela me atormenta há 10 anos, desde os 14, pedindo, gritando pra ser publicada! Ela quer ser contada.
E uma história que quer ser contada é mais forte do que mil elefantes empurrando por uma porta de aço e diamante. Não existe força na terra capaz de parar uma ideia quando ela precisa ser dita. E quando uma ideia precisa ser compartilhada, ela precisa ser semeada, e é daí que nascem novas ideias e novos futuros e novos novos.
E assim, todos os dias da minha vida, enquanto minhas ideias precisarem ser ditas, eu responderei às pessoas que indagaram e ficarem confusas quanto ao que eu faço: sou escritor!
Mas agora posso afirmar que não só isso. Além de escritor eu sou semeador.