Mesmo com as poucas informações que eu tinha sobre esse filme, a vontade de vê-lo não diminuiu em momento algum. Eu queria ter visto ANTES do Oscar, mas não rolou a possibilidade. Mas tudo bem, pois a espera compensou.
Primeiro, digo que, mesmo que você não goste de filmes de época, vale a pena a ida ao cinema (e perceba "cinema", pois a tela grande e a qualidade boa de imagem contam na experiência final) para se deliciar com esse fantástico filme.
O filme narra a história de Anna Karenina, uma mulher da alta sociedade russa do século XIX, casada com um oficial do governo em São Petersburgo. Ao ir para Moscou, impedir que o casamento de seu irmão galinha desmoronasse, ela conhece Alexei Vronsky e ambos mergulham num romance proibido.
O grande trunfo do diretor Joe Wright foi rodar o filme inteiro (exceto por pequenos trechos) dentro de um teatro, destacando o lado "teatral", cheio de espetáculos e roteirizado ao extremo da vida da alta sociedade. Somente dois personagens, e em momentos marcantes, deixam o teatro para sair ao mundo real e aberto (e aqui Joe Wright abusa de planos imensos e menos sufocantes do que o interior do teatro).
Interessante destacar que, para mostrar como a vida mais teatralizada de todas é a de Anna com seu marido, as cenas com Karenin se passam emblematicamente em cima do palco, inclusive, a entrada da casa dos Karenins é a entrada do teatro (precisa dizer mais?).
Outra coisa muito legal são os passos e movimentos com um ar de "coreografia" de alguns personagens.
Já no figurino, interessante perceber como a roupa de Anna passa de tons escuros e melancólicos para claros e alegres após se envolver com Vronsky.
Claro que nada disso seria espetacular se não fosse pela fantástica obra de Tolstoy (que inclusive, acho que vale a pena a leitura), que narra toda essa história para nos fazer refletir, como num dialogo do filme: "Como sabemos distinguir o que é certo e errado?".
No final, muito interessante perceber a última cena do filme! Não vou dar spoilers, mas perceba como o filme se encerra e onde se passa a última cena. Joe Wright fecha com a melhor metáfora um dos filmes mais metafóricos de 2012.
Nota: 8,5/10